Impossível afirmar se é imprecisa ou fora de alcance humano, essa visão. Como se capturada através de um aparelho que, tamanho o impacto da imagem avistada, passasse a atuar desgovernado: o foco oscilante entre os vértices, as faces e a figura opaca – triângulo?
Há uma, duas, três. Uma, outra e a terceira, média, soma de metades opostas. Seriam trigêmeas ou três conhecidas de mesma idade? Meninas, cuja experiência somada-dividida contribuiu para talhar a face de cada uma em moldes distantes da aparência comum aos seres de dez anos de vida. A marcação sutil em seu aspecto físico não é, contudo, o traço denunciador dessa formação tríplice: antes constitui seu véu ou disfarce. Não é corriqueiro notar nas meninas, isoladas, qualquer aspecto mais estranho que um fio de cabelo reluzente, branco, as vozes acrescidas de um grave incomum, o caminhar compassado de quem já não percorre o mundo embrulhado em novidade. Não são desbravadores os seus olhares e o ritmo das respirações ignora o que quer que se assemelhe aos estados de euforia e curiosidade. São meninas, e é alguma coisa plantada justo no centro de suas naturezas infantis o que mais parece atrair o observador atento que tenha, por acaso ou por ventura, deparado com as densas nuvens daqueles olhos. Nebulosas.
Suficientemente próximas, à luz e inclinação de olhar determinados, projetam algo mais do que a sombra alongada no chão. Cresce outro corpo. Diante do contemplador, o somatório improvável, uma mulher ou formação estelar feita de escuros e luzes. Os olhos desse que contempla, perturbados desafiados, não conseguem distinguir a imagem, não se atêm a nenhum dos pontos-meninas de que é formada, não fixam em nada e estão atordoados. Oscila inconstante o foco. Embaçam as lentes do aparelho de visão. Nos ouvidos, embaçados, o eco de uma explosão distante.
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descontando a corujice de namorado, ainda assim, achei o melhor de todos hehehehe
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