A Louca
Após trinta anos de magistério, exercidos de maneira dedicada, quase apostolar, eis que eu, agora, encontro-me entre ideias distorcidas, lembranças que vêm e vão; confinada em meu sombrio quarto, completamente só.
Os filhos se foram, cada qual com sua vida, seus sabores e dissabores; o marido adormeceu palidamente em meus braços.
E eu? Eu estou aqui, confusa. Em alguns momentos disposta, alegre, brincando com as memórias que os bons tempos deixaram; momentos outros, triste, sem reconhecer objetos, pessoas e nem a mim mesma.
Sombras, luzes, tudo ao meu redor torna-se monstruoso, ás vezes, ou insignificante, sempre.
Sonhos, visões, devaneios... Preciso sair, preciso fugir de mim, antes que tudo isso me devore!
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