Emile
Já na entrada pode-se sentir o cheiro do cupim por entre madeiras molhadas de um bolor sem cor e contínuo. O numero 53 na porta é de um enferrujado cor de cobre, quase lembra a terra seca da casa de mamãe. A tentativa inoportuna de viver da Samambaia traga o último suspiro de aurora do corredor estreito e denuncia minha suspeita de que Emile já não sai de casa a dias.
Minha entrada é de um silêncio misturado, não enxergo nada além de um capacho torto que marca o sinteco gasto pelos anos. Emile está imóvel frente a um raio fraco de sol que entra pela janela – Traga-me um copo d’água minha irmã. – Consigo ver papai naquele rosto pálido e me pergunto se Sebastian retorce na cova em dias como este. Emile mora com simplicidade e o bege sufoca quando respiro. – Emile, Aurora estaria desesperada em morar aqui. – Emile nem vira o rosto e bebendo o copo d’água levanta as sobrancelhas como num gesto de indiferença. Dali se passavam exatos 7 anos que Aurora falecera e a ausência de sua esposa matava meu irmão lentamente.
Dei-lhe um beijo na testa e o ajudei a levantar-se. Emile já tinha dificuldades em andar e agravava isto a cada dia recusando-se a fazer exercícios recomendados pelo medico, como caminhar na Pampulha ou ir á missa aos Domingos, Emile tornara-se menos religioso e não aceitava a bondade de Deus, era um homem velho que exalava um pretume fétido de um século passado.
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